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A Vida em um Salto – Ginástica e Resiliência

Transforme cada queda em um novo passo de dança.

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acidente

Lembrança 27/01/2017

Hoje o Facebook me apresentou uma recordação. Uma foto que me trouxe inúmeras sensações, dentre todas um objetivo o qual ainda não obtive êxito… porém, pelo qual continuo a acreditar que na hora certa virá.

Aí vai a foto e junto dela a legenda da postagem…

27 de Janeiro de 2017

É como se diz “o impossível é só uma questão de opinião” e eu provo isso mais uma vez, especialmente para mim.
Depois do acidente duvidei por alguns momentos que voltaria à andar…e voltei!!!! Fiquei traumatizada com o trânsito, direção e tinha quase certeza que não conseguiria mais dirigir, mas encarei…
Aprendi a dirigir de novo e além de tudo com o pé esquerdo (O que é bem mais difícil pra mim que sou destra), mas consegui e hoje concretizei mais essa etapa com muito alegria, orgulho e gratidão.
Hoje foi dia do meu exame de direção e fui APROVADA!!! Obrigada Deus, família e todos que me deram força me fazendo acreditar que conseguiria.
Retomando a vida aos poucos, encaixando os pedacinhos e caminhando para uma vida nova, cheia de muita e muitas conquistas!!!! 🙌😃🙏🚗

#conquista #habilitaçãoespecial #examededireção #superandomeusmedos


Desde lá mudei toda minha vida. Mudei de cidade…deixei saudade para trás, amigos, família com quem convive todos os dias até ali, dia após dia para correr atrás dos meus sonhos e que agregado à isso, a oferta ainda traria a oportunidade de realizar este objetivo de ter o meu primeiro carro e poder dar aos meus pais a oportunidade de podermos trocar nosso velho Monza 88 que foi ele que nos “criou”, “formou” e “conduziu” ao longo da vida até então…mas não deu.

Não deu no ano seguinte… não deu até hoje. Mesmo com limitações físicas, com dias de dores, com extrema dificuldade em dias que meu joelho e meu pé parecem não receber meus comandos eu sigo a realizar minhas atividades a pé, de bicicleta. Sigo a tomar chuva quando não me resta outra alternativa e preciso cumprir com minhas obrigações e horários, e não gosto e não vejo necessidade de pedir caronas a outras pessoas.

Afinal, me lembro quando deitada no hospital que meu pedido era que pudesse voltar a andar e sendo assim, agradeço conseguir andar com minhas próprias pernas mesmo em dias chuvosos, mesmo sentindo dores, mesmo com lágrimas nos olhos em pensar que talvez em outro momento, em outra situação eu não estaria passando por aquilo.

Ainda tenho muito receio quanto ao trânsito e isso aumenta cada dia mais. Me apavoro em pensar como será quando pegar novamente em uma direção. Me assusto facilmente, chego a chorar algumas vezes em pequenas freiadas que normalmente acontecem.

Ainda não possuo condições para cumprir este objetivo, mas tenho pensado seriamente em comprar uma bicicleta elétrica para me ajudar nos dias mais corridos, em distâncias mais longas em que precise realmente me locomover com menos esforço….mas isso ainda é um plano, que visto pelo lado financeiro ainda preciso avaliá-lo.

Uma lembrança que trouxe tantas outras juntas. Promessas não cumpridas, esperanças, sonhos planejados e replanejados, incertezas e hoje dois anos após uma luta para tirar a carta que me dá direito a dirigir novamente quando quase perdi o “direito” de andar de novo… Ainda não o consegui. Talvez por não ser o momento certo…talvez por ainda não ser merecedora…talvez por ter algo a mais para aprender. Ou talvez porque simplesmente não deu.

Independente, este foi um direito que conquistei. Algo de bom de algo tão ruim que me aconteceu e uma alegria que sei que poderei dar uma dia aos meus pais…na hora certa, no momento certo. Mais um objetivo que tenho orgulho em batalhar para conquistar. 💪🏻❤️🙏🏻

Vida Nova – Part. 13

Eu estava disposta, desde o primeiro instante. Era algo novo, com potencial e principalmente uma grande oportunidade de recomeço e uma autoanálise profissional, mas eu não poderia decidir logo de primeira, pois havia uma recomendação muito importante dos meus pais sobre assegurar nosso futuro com um trabalho que nos desse no mínimo uma garantia, carteira assinada com seus direitos. Eles só apoiariam minha saída de casa para um emprego que oferecesse esta condição.

A proposta em questões financeiras não era um valor alto, porém como seria apenas meio período, facilitaria a busca de outro emprego que eu poderia conciliar como sempre fiz talvez em uma academia ou até mesmo fora da minha área, afinal valeria a pena, pois me foi oferecido o registro em carteira após o 2º mês.
Então a princípio iniciaria o trabalho, ficaria na casa de minha contratante por mais um menos um ou dois meses, até que encontrasse um cantinho para mim e depois me organizaria. Estava perfeito, só não pude aceitar de imediato, pois tinha prometido que conversaria com meus pais e no mesmo dia retornei para casa. Estava extremamente radiante e sentindo que a partir dali tudo seria diferente, daria o “ponta pé” inicial para minha vida depois de praticamente dois anos sem andar.

Lá estava eu em casa novamente. Sentamos no sofá e repassei a eles tudo o que conversamos, transmiti toda confiança que senti no trabalho que já era realizado, nas pessoas envolvidas e no empenho que era direcionado à modalidade e seu crescimento na cidade, sem contar o local que me encantou. Conversamos sobre as condições combinadas e o que minha família e eu concordamos foi que, como estava recomeçando, ou praticamente começando, afinal eu havia me formado há apenas um ano, era hora de arriscar e não e apegar a tantas coisas à princípio porque ao longo do tempo tudo iria acontecer da melhor forma e que mesmo sendo tão longe de casa e tendo que ficarmos as vezes sem nos ver por um bom tempo, valeria a pena.

Tudo certo então. Me mudaria em breve, mais breve que poderia imaginar e a ficha ainda não tinha caído de que estava na hora de abandonar o ninho. Em questões de dias preparei minha primeira mala com poucas coisas, as mais essenciais, pois logo retornaria para levar mais coisas e parti. A primeira despedida na rodoviária até que foi tranquila, mas eu não fazia ideia de que mesmo acontecendo várias vezes no ano, seria cada vez mais difícil.

4 Anos de Acidente

Dia 25 de Fevereiro de 2018…

São aproximadamente 23h da noite e a esta hora há 4 anos atrás minha vida tinha tomado um rumo o qual eu nunca poderia ter imaginado.

Os detalhes são vivos em minha mente, os olhares de dor e desespero nos olhos dos meus pais, da minha irmã e de quem me cercava. A angústia que me corroía pelo sangue que me cercava e a demora pelo resgate e aos poucos a dor tirando meu sentido. Me vi partindo por duas vezes, entre a batida e minha queda ao chão e a segunda na presença dos meus pais, saindo da sala de cirurgia com uma dor incalculável que me fez ir “sumindo” aos poucos junto a voz de desespero da minha mãe pedindo ajuda. Também vivo em mim fatos que ainda não são muito claros. Um enfermeiro que orou por mim, com um lenço passando sobre minha perna, me chamou pelo nome mas após sua partida até o dia em que permaneci internada, ninguém soube me dizer quem era, pois naquele hospital não havia ninguém com as características que o descrevi.

Ambulâncias, caçambas e motos passaram a ser traumas, hoje em dia em proporções mínimas mas ninguém pode imaginar a aflição por cada um destes itens ao me aproximar deles. Era incontrolável um choro, o arrepio e a repulsa. Sentimento terrível!!!!

4 anos e o que ganhei…

Um cansaço que não cabe em mim, dores nas pernas que chegam a me tirar as forças no fim do dia, quedas de cabelo até os dias de hoje devido as mais de 9 anestesias raqui que tomei…uma imensidão de cicatrizes que chamam a atenção de qualquer um por onde quer que eu passe com elas expostas mas sabe…eu só parei pra pensar nestas coisas agora que fui descrever sobre estes 4 anos que se passaram porque na realidade eu só me lembro, diariamente de outras coisas que ganhei com este grave acidente….

  • Uma nova data de aniversário;
  • Uma coragem e uma fé incalculável para seguir em frente mesmo diante a situações que as vezes me faz querer desistir;
  • A possibilidade de correr atrás dos meus sonhos com minhas próprias pernas (mesmo uma delas me deixando meio manquitola rsrs mas me leva aonde quero ir);
  • Força para continuar caindo e levantando quantas vezes for necessário;
  • Maturidade para encarar a vida e enfrentá-la assim como as situações existentes nela;
  • Um olhar mais grato e minuncioso aos pequenos detalhes da vida;
  • Aceitação sobre a vida e sobre mim. Sobre minhas marcas, condições físicas e meu corpo;
  • E o amor que se multiplica dia a dia por minha família junto a vontade de vencer e orgulha-los com minhas lutas e conquistas.

A vida tem se apresentado desde este 25 de Fevereiro de 2014 de forma dura, irredutível, conturbada, batendo e me derrubando algumas vezes. Tenho me cansado e nem todos os dias acordo sorrindo com vontade de encarar o mundo, mas vou e lá no fim do dia quando deito em minha cama percebo que venci mais uma vez e agradeço. Agradeço pelos dias de chuva mesmo tendo que acordar às 5:30 da manhã e ir trabalhar a pé, embaixo de chuva, pois graças a Deus e ao milagre que recebi eu posso ANDAR nos dias de chuva, nos dias de sol…EU POSSO ANDAR. Eu posso buscar dia a dia por aquilo que eu sonho, eu posso lutar com minhas próprias pernas e é por isso que agradeço.

E o que aprendi e aprendo com tudo isso até hoje?! Que cabe à nós decidirmos o que faremos com a nova oportunidade que nos foi dada. Seguir em frente ou parar por ali?! Ninguém, além de nós poderá ser eficiente nesta escolha.

Eu decidi seguir em frente e lá vou eu…indo, indo e indo até quando minhas forças aguentarem, minha fé me mante de pé e a esperança me guiar. 🙏🏻❤️💪🏻

Vida Nova – Part. 11

A ideia de dividir os passos da minha vida pós-acidente tem ido muito além do que só compartilhar. Tem sido uma forma de desabafar, de receber e transmitir força e carinho e principalmente de levar às pessoas a mensagem de que é possível sim superar, recomeçar e seguir em frente. O acidente em si, acabou e já está para completar 4 anos que renasci dele, mas o que ele tem trazido para minha vida não acabará nunca e por isso continuo a escrever.
Em alguns capítulos anteriores escrevi sobre desafios, oportunidades que ganhei e perdi, sobre obstáculos, medos, fatos que aconteceram, mas não entrei em detalhes porque nada havia se concretizado e por envolver tantas pessoas, não era o momento para descrever sobre. Mas estou pronta para começar a dividi-los… Para que seja possível entender o porquê de tanta angústia e desabafo, vou retomar o ano de 2015.
No fim de 2015, recebi uma proposta de trabalho para o ano de 2016 em um grande projeto de Ginástica Artística em uma cidade próxima a Ribeirão. Uma proposta que me daria excelentes condições de trabalho, estabilidade financeira e grandes oportunidades de crescimento profissional. Era tudo o que eu queria e não teria porque dar errado…Até saber dos médicos que me acompanhavam que teria que colocar a “gaiola” na perna, sendo a única opção que me traria bons resultados em minha recuperação e assim tive que coloca-la. No início do de 2016 a proposta se confirmou, porém, como estava operada não pude assumir, veio um momento muito difícil de compreender e aceitar. Mas então, ainda havia uma possibilidade, o tratamento com o ilizarov, com previsão de 1 ano e meio passou para 6 meses e ainda poderia haver a contratação para o ano seguinte, 2017.
Em setembro, no dia do aniversário da minha irmã, operei mais uma vez e estava livre daquele equipamento. Feliz e decidida, seguiria em frente e retomaria minha profissão. Entrei em contato com o pessoal que estava me aguardando e então a possibilidade ainda existia, só deveria esperar o início do ano. Ainda estava ligada à equipe de Ribeirão, mas em Outubro uma outra notícia me pegou de surpresa de forma dolorosa e tive de tomar uma difícil decisão que fez com que me desligasse da mesma, era hora então de fechar aquele ciclo, que no momento não soube compreender a situação e me magoei muito, mas pelo menos havia aquela outra oportunidade para seguir a diante. Já comecei a planejar tudo, pois quem me conhece sabe o tamanho da minha ansiedade. Mudança, pesquisar casas, móveis… Enfim, tudo que iria precisar para recomeçar. Esperei Janeiro, um pouco de Fevereiro, e sem respostas acabei sabendo que este grande projeto estava por um fio e buscando informações, soube que devido alguns remanejamentos de cargos, minha contratação estava fora de cogitação. Mais uma vez vi meu mundo vir a baixo pela segunda vez em poucos meses.
Questionei, duvidei, tive medo, mas mesmo assim tive fé e pedi um sinal para que pudesse seguir em frente…

O Acidente – Part. 71

Bom, esse final de semana, na verdade sexta e sábado foram dias diferentes. Como quem acompanha o blog sabe, ano passado me afastei de certa forma da ginástica não com a intenção de deixá-la para sempre, apenas com a intenção de me preparar para novas oportunidades e portas que poderão se abrir, e foi com essa intenção que me propus a realizar um curso de arbitragem neste sábado. Porém, como não era em minha cidade tive de me programar a viajar sozinha para que pudesse então realizá-lo. Pesquisei hotéis, horários de ônibus, melhor forma de condução, tudo para ficar mais fácil, mais próximo e mais confortável para mim pois era uma cidade que não conhecia. Comentando com os meus pais sobre a cidade onde seria realizado o curso, eles me disseram que havia uma pessoa conhecida que morava lá e que ficariam muito mais tranquilos se eu fosse com ela ou até mesmo tivesse o contato dela caso precisasse de algo, afinal essa foi minha primeira viagem sozinha após o acidente, com a qual eu teria de me virar sozinha lá.

Para dar mais tranquilidade aos meus pais e ter um respaldo caso necessitasse, tentei entrar em contato com essa moça que mora lá com sua família mas não consegui, então reservei o hotel mais próximo do local aonde seria dado o curso e me programei financeiramente para me locomover de táxi e ônibus. Programei minha saída de Ribeirão até a cidade com bastante antecedência para que chegasse ainda no período da tarde e não ficasse perdida a noite em uma cidade que não conheço. Depois de reservar o hotel, me programar para os horários de ônibus, minha mãe e minha irmã entraram em contato com a família dessa moça e ela logo entrou em contato comigo já sabendo que eu iria à um curso em sua cidade. De imediado me ofereceu carona pois estava aqui em Ribeirão e iria voltar ainda na sexta para a cidade, exatamente no dia em que eu iria para lá. Me ofereceu também estadia em sua casa e que se disponibilizaria a me levar e buscar no curso e depois me levaria até a rodoviária quando fosse retornar a Ribeirão. Aceitei a carona super preocupada em estar dando trabalho à ela e sua cunhada que estava dirigindo, mas elas afirmaram que não, que seria um prazer me levar. Fomos então de carro porém, quanto ao hotel, eu já havia feito a reserva e um depósito de 50% do valor da diária e eles não devolviam o dinheiro, então optei por já ficar no hotel mesmo. Detalhe: optei pelo hotel mais próximo do local do curso, mas um dia antes eles alteraram o local para melhor atender à todos, resumindo fiquei bem longe rs, mas tudo bem!

Saímos de Ribeirão por volta das 18:00h e chegamos ao destino as 21:30h mais ou menos, ela me levou até sua casa, me ofereceu um lanche (nem precisei jantar depois rs) e depois me levou ao hotel por volta das 23:00h. Organizei as minhas coisas e fui ao banheiro para tomar banho e detalhe, ao usar o banheiro vi que a descarga não funcionava, ótimo, quase não tenho vergonha né e tive que chamar o responsável pelo hotel. Ele foi até lá e me propôs à mudar de quarto, o que a princípio não foi muito legal pois no primeiro quarto havia uma cama de casal onde poderia dormir tranquilamente sem medo de cair da cama (o que me acontece às vezes rs), além de que a vista da janela era linda, mas tudo bem. Ele me levou até um quarto com três camas de solteiro, uma vista não muito legal, aliás não tinha uma vista porque dava para um estacionamento de caminhões, mas relevei. Tomei banho, deitei e dormi pois estava estava exausta. Como eu estava sozinha coloquei meu despertador para tocar mas mesmo assim fiquei com receio de não acordar e acabei por não dormir direito, acordando de uma em uma hora para verificar o relógio. Acordei finalmente na hora programada, por volta de uma hora e meia de antecedência do horário do curso que iniciaria às 8:00 da manhã para organizar minhas coisas e desci. Tomei meu café da manhã, pesquisei se havia Uber na cidade, subi para pegar minha bolsa e desci faltando 40 minutos para o horário do curso. Solicitei o Uber e vi então que demoraria aproximadamente 20 minutos para que chegasse até o hotel, o que você faria chegar atrasada. Cancelei o Uber e pedi o moço da recepção do hotel que chamasse um táxi. Após chamá-lo, ele me disse que demoraria aproximadamente 20 minutos, droga, fazer o quê. Respirei fundo e esperei ele chegar faltando 5 minutos para as 8h, perguntei à ele a distância até o local do curso e ele me disse que era do outro lado da cidade mas que para minha sorte a cidade era pequena, ótimo, fiquei super feliz (sqn) e fomos.

Cheguei ao local do curso era 8:10h, entrei correndo achando que estava atrasada mas o curso nem havia começado, melhor para mim rs. Encontrei algumas pessoas conhecidas, as comprimentei e já arrumei um lugar para sentar. Começou às 8:40h, a professora que ministrou o curso é uma árbitra internacional, premiada, incrivelmente inteligente e competente e foi tudo ótimo, a única coisa é que como atrasou para começar tudo ficou atrasado. Tivemos uma pausa para o almoço e voltamos logo pois o curso estava programado para acabar às 18:00h, porém as 18:00h faltava uma parte grande ainda e por mais que eu quisesse esperar não pude, pois tinha que pegar um ônibus da cidade que estava até Campinas pois as 20h saía de lá o último ônibus para Ribeirão. Precisei correr. A moça e seu marido, meus conhecidos, foram me buscar no curso para me levar até a rodoviária. Tinha me programado para voltar ao hotel, tomar um banho, pegar a mala e ir para rodoviária, porém já eram 18:15h e eu deveria chegar à rodoviária às 18:30h, sendo assim cheguei ao hotel correndo e pra variar e completar a correria paguei mais um mico ao tentar abrir a porta de vidro do hotel. Tentei puxá-la para um lado e para o outro mas ela não abria, coloquei tod minha força e quase a quebrei, não bastando ela não abrir, havia três homens do lado de dentro fazendo sinais para mim e rindo ao invés de irem abrir a porta que por sinal era só empurrar….Ótimo! Entrei morrendo de vergonha, subi para buscar minhas malas rindo e falando sozinha como eu erra “inteligente”. Desci rapidamente e me levaram a rodoviária.

Chegando lá me despedi deles, a moça foi comigo até o ônibus e preocupada se eu não perderia o ônibus de Campinas às 20:00 foi até o motorista do ônibus circular e o perguntou quanto tempo levaria até chegar lá. Ele mal a respondeu, apenas disse que levaria 40 minutos no máximo e ela ainda disse à ele do horário do último ônibus que pegaria em Campinas. Bom, se ele levaria 40 minutos até chegar lá e sairia às 19h, eu teria 20 minutos para comprar a passagem na rodoviária de lá então estava tranquila. Me despedi e a agradeci mais uma vez por sua disponibilidade, por me acolher tão bem e me auxiliar tanto. 35 minutos depois já estávamos em Campinas, passamos ao lado da rodoviária mas ele não parou lá, parou em um ponto, desceu do ônibus e disse que iria para rodoviária dali 15 minutos, ou seja, saíria de lá às 20:00h ou 19:55h! Fiquei apavorada pois estava em uma cidade que não conhecia, não tinha nenhum conhecido por lá e também não tinha condições de ficar em um hotel caso perdesse o ônibus, simplesmente não sabia o que fazer por algunas segundos. Rapidamente me veio a ideia de procurar um Uber, acessi o aplicativo e graças a Deus tinha. Fui até a janela para pedir ao motorista que abrisse a porta do ônibus para mim mas ele estava longe, havia então uma pessoa na calçada e perguntei a ele se aquele era o motorista do ônibus, ele grosseiramente e gesticulando muito me respondeu que não sabia  “não sei, não sei”, pedi então que ele o chamasse mas simplesmente virou para mim e disse que não iria chamar! Fiquei abismada com tamanha falta de educação das pessoas!!! O motorista veio com uma cara super mal humorada e perguntou o que eu queria, pedi a ele que abrisse a porta por favor. Ele subiu com uma super má vontade e abriu a porta para mim. Sete minutos depois (19:45h mais ou menos) o Uber chegou. Para minha sorte o motorista era educado e simpático. Explicando à ele minha situação, o mesmo me disse que o motorista do ônibus havia parado à apenas dois quarteirões da rodoviária só que eu não conseguiria chegar a pé até lá à tempo ainda mais carregando uma mala sozinha e com dor na perna. Um trânsito gigantesco e chegamos em 5 minutos à rodoviária, agradeci e desci super rápido.

Chegando à rodoviária fiquei meio assustada, ela é o dobro da Rodoviária de Ribeirão e eu achei que iria me perder. Subi a escada rolante e vi um saguão enorme, corri até os guichês morrendo de medo de tropeçar e cair pois ainda não controlo uma passada rápida mas todo cuidado foi pouco e foi o que aconteceu. Me enrosquei na mala, na blusa que estava pendurada e na outra bolsa e acabei me “esparramando” no chão. Fiquei verde, azul, vermelha, roxa, cor-de-rosa de tanta vergonha e com certeza alguém viu, mas nem olhei para o lado e me levantei. Não machuquei, mas meus olhos se encheram de lágrimas pois estava preocupada se perderia ou não o ônibus e só conseguia pensar se aquilo realmente estava acontecendo comigo, apesar de no fundo se não fosse trágico eu estaria dando gargalhadas pelo tombo espetacular em público. Cheguei ao guichê com lágrimas nos olhos e perguntei a moça se poderia comprar passagem ainda para o ônibus das 20:00h e antes mesmo que me respondesse disse à ela: “por favor, diz que sim!”. Acho que ela interpretou o meu desespero e me vendeu a passagem, perguntei se era longe, ela me mostrou o caminho e disse para eu ir o mais rápido possível pois ele estava pronta para sair, disse à ela que estava machucada e que não poderia correr mas iria o mais rápido possível. Apertei o passo rezando para que não caísse de novo, achasse logo a plataforma e que o ônibus estivesse lá. Descendo a escada rolante com tamanho desespero fui olhar qual era a plataforma e quando vi que era nº 31 e o ônibus tinha acabado de sair, as lágrimas queriam escorrer mas me segurei.

Vi um moço da empresa parado atrás do vidro e corri até ele, bati no vidro várias vezes, gritei e ele não me escutava e nem olhava para mim. Olhei para os lados e vi pessoas me olhando pois eu devia estar com a cara mais louca do universo. Gritei de novo o moço, bati insistentemente no vidro até que ele me olhou. Perguntei se o ônibus para Ribeirão já havia saído e ele disse para eu entrar, procurei porta para tudo quanto é lado no vidro e não achava. Precisei me acalmar, achei a porta e perguntei à ele: “moço o ônibus já saiu? Fala que não!” ele então apontou ônibus parado e me disse que era aquele, pediu para me acalmar porque pessoal lá de cima havia avisado para esperarem e estavam me esperando, só não dei um abraço nele por que tava cheia de malas mas agradeci muito e fui até o motorista para que ele guardasse minha mala. Entreguei a passagem, ele me olhou com cara de bravo e disse para eu preencher a passagem. Perguntei se ele tinha uma caneta e ele simplesmente me ignorou, eu já estava sensível, fiquei além de chateada, brava e com ainda mais vontade de chorar. Não bastando todo esse desconforto, quando um outro funcionário da empresa se aproximou ele super irritado disse: “O pessoal lá de cima tem que vender a passagem até 20 para 20:00h porque se não fica essa bagunça..”, ele falou para o moço mas senti que foi diretamente para mim. Infelizmente eu não tenho coragem de responder, mas eu deveria ter dito à ele que não tenho culpa do seu mau humor, do seu estresse, do seu cansaço pois eu também estava cansado e que aquele era o último ônibus para eu chegar em casa. Me deu vontade de falar mas não falei, entrei no ônibus aliviada e a primeira coisa que fiz foi ligar para casa pois minha maior preocupação, caso não conseguisse pegar o ônibus, era ligar para casa e dizer que eu não havia conseguido e assim meus pais ficariam desesperados assim como eu, mas deu tudo certo, liguei para casa e falei com meu pai. Ele percebeu que estava com voz de choro e ficou preocupado, contei pra ele os fatos resumidamente e assim ele tentou me acalmar, me disse que estava tudo bem, para eu ficar tranquila e descansar que logo estaria em casa.

Foram três horas e meia de viagem, eu estava faminta além de extremamente cansada e chateada por encontrar tantas pessoas mal humorados, mal educadas que trabalham à serviço de auxiliar as pessoas mas simplesmente acham que estão fazendo um favor e acabam nos tratando mal. Eu sempre sorrio para as pessoas, tento sempre ser gentil e educada e nunca vou me acostumar quando sou tratada totalmente ao contrário, ninguém deveria se acostumar. Com tudo isso me lembrei como é ter que me virar sozinha depois de tanto tempo e que por mais legal que seja ter essa liberdade, é ruim quando a gente se depara com a realidade da falta de educação e solidariedade das pessoas umas com as outras, mas tudo bem, minha parte eu faço e sempre farei. No meio da viagem ele parou em um posto para comer e acabei descendo rapidamente para comprar algo para comer, nada saudável mas que mataria a minha fome e também minha ansiedade e foi por isso que comprei um chocolate, rs. Comi e vim dormindo o restante da viagem.

Cheguei em casa por volta das 23:30h com o corpo até meio mole de tão cansada, mas apesar de tudo feliz e fiz uma coisa que não faria se fosse antigamente, antes do acidente. Mesmo cansada, sem tomar banho e morrendo de vontade de dormir, sentei e conversei com meu pai pois minha mãe tinha viajado. Contei à ele todos os detalhes, todos os momentos, minhas alegrias e os momentos de mais dificuldade e de como estava feliz por estar retomando minha vida. Após conversarmos tomei um banho e finalmente dormi em minha cama.

Foi um curso super produtivo, interessante e além de tudo me senti de volta ao mundo da ginástica. Senti também que consigo me virar sozinha mesmo tendo certas dificuldades para me locomover, senti pela primeira vez após 3 anos que eu posso realmente recomeçar a minha vida e correr atrás dos meus objetivos de novo. Senti que dou conta, que sou capaz e que nada pode me impedir se eu realmente quiser e for à luta.

O que tenho para dizer dessa viagem, dessa “nova” experiência (de novo), de viajar sozinha, é que mesmo já sendo adulta meus pais sempre irão se preocupar comigo, sempre irão buscar a forma mais segura em qualquer lugar que eu estiver ou vá e que também, existem pessoas que são como anjos em nossa vida, que não tem obrigação nenhuma de fazer boas ações mas fazem sem querer nada em troca, então deixo aqui registrado a minha gratidão à Flávia e o Alexandre por me acolherem e me ajudarem tanto, dando segurança, respaldo e tranquilidade à mim e aos meus pais e o melhor de tudo nessa viagem foi fortalecer ainda mais a minha paixão pela ginástica e a certeza de que naõ devo desistir dessa paixão mesmo após desilusões e momentos em que pensei em teria que abandonar e desistir desse meu sonho. Não consigo me ver fazendo outra coisa então, mesmo com limitações físicas e mesmo sendo tão difícil, não vou desistir. Posso percorrer um caminho longo com muitos obstáculos mas vou lutar pelo meu espaço e pelo meu sonho e se Deus quiser, porque eu quero e acredito, virão muitas conquistas.

 

O Acidente – Part. 65

Há algum tempo venho planejando escrever algo sobre aceitação. Uma palavra tão intensa que pressupõe esforço, sofrimento, dor, vergonha, medo, reclusão, entre tantas outras coisas, mas no meu caso se resume à cicatrizes..várias delas e como tenho lidado com elas, ou como não lidava com elas até então. Bom, algumas semanas atrás estava conversando com uma pessoa pra lá de especial na academia, super autoestima e que em uma conversa sobre minhas cicatrizes revelou à mim sobre um fato de aceitação em sua vida, uma situação que ela passou e lida com ela até hoje mas a encara de peito aberto, com alegria, disposição e bom humor e eu nunca, ao vê-la, poderia imaginar e então me fez refletir ainda mais e nesta semana resolvi fazer meu post com a foto da minha perna e suas cicatrizes…

Às vezes nos prendemos as belezas estereotipadas e nos esquecemos que nossa beleza, nossas marcas, nossas cicatrizes nos tornam únicos e sobreviventes de uma batalha chamada vida.
Eu, como parte da grande maioria, usamos as redes sociais para compartilhar a beleza das coisas, da natureza, da beleza humana e muitas vezes escondemos atrás de photoshop as imperfeições que possam existir em nós. É umatentativa de sermos “aceitos” pelas pessoas, de nos olharem com admiração e surgirem comentários positivos pois não queremos ou não sabemos lidar com olhares de reprovação ou de dó, nunca esperamos comentários desconfortáveis que nem sempre são ditos com maldade, mas mesmo assim machucam. Deixei meus shorts, saias e vestidos curtos de lado, preferi me esconder do que enfrentar um mundo que julga tanto, quase sempre sem palavras…mas com os olhos. Foi tão difícil…
Hoje, as cicatrizes que marcam minha pele estão deixando aos poucos de ser um motivo de incômodo quando estão expostas, é um trabalho diário de aceitação própria que tem me preparado pra lidar com o mundo…Um mundo no qual terei sempre que olhar pra frente e ignorar a opinião da grande maioria, pois aqueles com quem devo me preocupar estarão sempre andando ao meu lado porque reconhecem minha beleza, desde a mais profunda até a expressa nas extensas cicatrizes expostas em meu corpo.
Eu sou assim, perfeita nas imperfeições, feliz e orgulhosa por carregar em mim, a marca de uma vitória.

O post repercutiu de forma inesperada com vários comentários de carinho, força, amor, fé, perseverança e de uma energia contagiante que simplesmente me encheu ainda mais de orgulho por esse superação e ter tantas pessoas incríveis, que mesmo de longe, sem me conhecerem muito, torcem e oram por mim e o mais lindo de tudo é sentir que ao compartilhar minhas dores, alegrias e dificuldades isso conforta à muitos, fortalece à outros e encoraja à muitos a lutar diante das dificuldades da vida..isso me traz paz, fé e muita esperança no coração. Me faz sentir como se estivesse no caminho certo para cumprir minha missão e cada vez mais grata por essa segunda chance de crescer e amadurecer com mais sabedoria!

E para finalizar este post quero contar um pouquinho do meu dia…

Acordei cedo (coisa que não tenho feito muito desde o acidente rs), fui à minha segunda e penúltima aula de direção. Coração na mão mas deu tudo certo e fui da auto escola até o local da aula dirigindo, voltei dirigindo e a sensação de medo foi sumindo aos poucos e dando lugar ao sentimento de conquista, alivio e uma alegria maravilhosa de estar superando mais uma etapa, mais uma parte de um trauma que achei que não superaria, mas consegui e então, se tudo correr bem nesta sexta-feira já serei novamente habilitada para conduzir meu próprio carro e com a perna esquerda hein…um arraso!!! Rs…depois da aula de direção foi hora de treinar. Fortalecer os cambitos e me manter preparada para as novas oportunidades que virão e também a próxima cirurgia…Ahh, e para minha alegria mais um passo legal…na próxima semana retomo, à princípio como substituição a minha profissão de Profissional de Educação Física em uma sala de musculação. Legal né?!

Pra finalizar o dia com chave de ouro, estava na sala com meu pai quando vi que teria o amistoso de futebol Brasil Colômbia. Não sou fã de futebol mas algo me chamou atenção…os sobreviventes da tragédia do time da Chapecó, mas principalmente por uma pessoa, Follman. Vi sua cicatriz da amputação e um olhar que emanava fé, positividade, emoção que foi impossível não me contagiar e foi inevitável conter as lágrimas. Meu coração se apertou por instantes ao olhar para ele. Senti por ele os temores que como atleta eu sentia ao me machucar e principalmente no momento em que me vi após o acidente, ao saber que não poderia mais executar aquilo que tanto amava, aquilo com o que sonhei desde tão cedo. Tudo desmoronou por instantes mas então veio uma força que foi reerguendo gradativamente pedacinho por pedacinho. Tivemos sonhos interrompidos, isso é um fato o tanto quanto é doloroso, mas graças à Deus apenas por um tempo, assim como nossa querida Laís que também possuí esse olhar de vitória que aprendemos a ter, ensinado grande parte pelo esporte, pudemos encontrar outros caminhos e formas para lidar com isso e mais importante de tudo é saber quão grandioso é o presente de termos essa segunda chance…Esse é o pensamento que tento levar à quem conheço. Vejo tantas pessoas que possuem tanto, saúde, família e que podem ir à luta buscar por aquilo que sonham, mas as vezes reclamam tanto, deixam com que coisas pequenas destruam suas esperanças e sua fé e se enfraquecem, perdendo a vontade, desistindo…A vida não é assim, ela precisa ser superada e pessoas como este moço, tão novo, sonhador que teria mil motivos para desistir mas optou por encarar, ter fé e seguir em frente com coragem e muito trabalho, este sim é uma grande fonte de inspiração, de exemplo de vida!!!

Bom, é isso, assim a vida vai, devagarinho..como não quer nada, abrindo espaços, nos reerguendo e nos mostrando como é possível vencer mesmo quando tudo parece perdido e sendo assim, só me resta agradecer por simplesmente TUDO!!!

 

O Acidente – Part. 61

São 02h24 da manhã e eu deveria estar dormindo…quem me dera se conseguisse.

Me remeto aos tempos da infância e adolescência quando problemas, “preocupações” não me tiravam o sono, deitava e dormia feito pedra me esquecendo que o mundo existia. Quem me dera ainda fosse assim. Amanhã, ou melhor hoje ainda é um dia importante. Em poucas horas estarei de novo ao hospital que salvou à mim, minha perna mas que todas às vezes que preciso voltar lá, meu coração dói, o medo toma conta e ansiedade explode em meu peito, principalmente dadas às circunstâncias atuais. Pois é, depois de correr para urgência na segunda com fortes dores no joelho, passei uma terça mais tranquila. As dores diminuíram, as muletas se tornaram um leve apoio e fiquei até mais feliz, achei que tudo fosse passar, que acordaria no outro dia bem melhor, provavelmente sem dor…mas não.

Mesmo mantendo repouso tive uma noite ruim, com dores e acordei com o joelho com muito mais restrição de movimentos e uma dor mais aguda. Foquei em pensamentos positivos que iria melhorar. Mantive a perna para cima mas na hora do almoço vi que o inchaço estava aumentando, aparentemente com muito líquido e a dor apertando então pedi ao meu pai que comprasse o remédio, tramol, este cujo somente o nome me assusta por lembrar as dores terríveis que passei quando recém acidentada que nem mesmo ele que vem após a morfina conseguia aliviar. Enfim, o tomei e permaneci deitada o dia todo. Fiz compressas de água quente, massagem, pomadas, gelo e nada. Mias remédio intercalado e a dor persistindo. Até para sentar, levantar ficou complicado, desconforto atrás de desconforto e minha angústia só aumentando.

Me lembrei de uma vez, em 2011 quando treinando rompi 2 ligamentos e um tendão no joelho, que dor!!! A dor e a aparência são iguais. Retomei na lembrança os procedimentos feitos para que pudesse andar de novo sem cirurgia e após pesquisar, mesmo não sendo médica, soube mais ou menos o que se passa em meu joelho e os possíveis procedimentos que farão. Uma lesão do menisco, um aumento considerável do líquido sinovial (a famosa “água no joelho”) e então a solução seria uma infiltração, pulsão, não sei bem o nome mas deve ser isso. Bom já comecei a formular na minha cabeça o que viria então e o que tenho à dizer os médicos e quando parei, me vi atordoada, desesperada, apavorada com uma possível internação, ou até mesmo uma cirurgia. Cheguei a pesquisar o valor de uma cirurgia particular para que se necessário então eu a fizesse o mais rápido possível e me visse livre disso e então é que vem a realidade…de R$7.000,00 à R$15.000,00 um procedimento de artroscopia. Bem, nem se eu quisesse, não há possibilidade alguma e então vem o choro. Tão cansada, tão exausta, sei que já falei várias vezes mas não tem como não repetir. Pior que sentir a dor da lesão é sentir que não há o que eu possa fazer para que isso acabe logo, é saber que estou tendo um momento de fraqueza, de medo e não sou assim. Me sinto egoísta por estar triste, por querer que tudo se resolva logo, por me pegar reclamando…Deus já me deu tantas bênçãos, eu não deveria estar me sentindo assim, mas dói assumir o quanto estou chateada…

Logo estarei lá, com os médicos e mesmo tendo pensando, formulado mil vezes o que dizer, pedir e tentar que agilizem o que quer que forem fazer para que eu possa trabalhar logo, eu sei que ficarei sem muitas palavras na hora, esperando que digam o que quero ouvir, sem surpresas. Dependo deles, dependo do que decidirem fazer amanhã para saber como vou prosseguir adiante com minha vida…

O Acidente – Part. 59 (Retrospectiva 2016)

O fim  de ano passou, as festas, as comilanças, e a viagem também e poxa, acabei não conseguindo escrever este capítulo quando era para ter escrito. Escrevi e o reescrevi diversas vezes mas sempre faltava algo, tipo uma inspiração. Gosto de escrever com o coração para transmitir o que realmente se passa nele e em minha cabeça e acho que este finalmente é o momento, então vamos lá…

Uma retrospectiva sobre meu 2016…

Foi um ano com o qual sonhei desde que entrei na faculdade, seria este o ano da minha vida. Formada, trabalharia com minha paixão de criança, a ginástica, me realizaria ainda mais profissionalmente e daria o ponta pé inicial para uma vida financeira melhor ajudando então meus pais a reformar nossa casa, trocar nosso carro e poderia então levá-los para passear, jantar, viajar, coisas as quais eles sempre abdicaram para poder nos dar a oportunidade de lutarmos por nossos sonhos. Bom, não foi exatamente como imaginei ou se quer como havia planejado, muito pelo contrário. O acidente em 2014 dificultou um pouco mais estes sonhos e planos fazendo com que tudo parecesse mais distante de se alcançar e por longos e intermináveis dias quase me fez desistir, porém os dias e os meses se passaram e mesmo com incertezas, tristezas e medos fui regada de muito amor e fé e encerrei um ciclo vitoriosa.

Em Janeiro colei o grau da profissão que escolhi desde muito pequena. Realizei meu primeiro grande sonho mesmo estando em uma cadeira de rodas, o que a princípio parecia muito assustador para mim mas logo compreendi sua necessidade…

Em Fevereiro uma surpresa…uma proposta de trabalho com a qual não imaginava receber tão cedo, recém-formada. Era uma grande oportunidade e eu a queria muito mais infelizmente devido a cirurgia anterior que colocaram a “gaiola”, não pude assumir. Foi um momento difícil, de questionamentos, de retroceder ao acidente e pensar em seu “por quê”, “por que comigo?” e de como não era justo e mais uma vez minha família foi o grande suporte para que eu refletisse e mantivesse calma pois minha hora iria chegar.

Partimos então para mais um grande passo. Depois de 2 meses com a gaiola, mais uma cirurgia, dessa vez para retirar uma parte para que então eu voltasse a por, finalmente meus dois pés inteiros no chão. Foi aos poucos mas foi a sensação mais maravilhosa do mundo, como se fosse a primeira vez que iria andar…

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Mesmo aprendendo a lidar um pouco mais com a tal da paciência que nunca tive rs, voltei a me exercitar aos poucos, afinal logo seria minha festa da formatura e estava decidida que usaria uma sandália de salto e ficaria em pé para aproveitar o máximo possível este momento único e inesquecível, afinal eu havia conseguido mesmo quando tudo indicava que eu teria que desistir…e foi o que fiz…foi LINDO e EMOCIONANTE!!!

Segui firme com minhas metas…recuperar, trabalhar com minhas pequenas e acompanhá-las em competições sempre muito orgulhosa dos resultados e por estar ali exercendo o que tanto amava fazer…

Alguns sustos fizeram parte, principalmente quando se envolve quem tanto amamos e são nestes momentos que percebemos como é importante amar e demonstrar esse amor, pois o minuto seguinte da nossa vida somente à Deus pertence e uma palavra não dita, um sentimento recluso pode nos remoer o resto da vida se não for dito ou expressado pois sempre estivemos esperando o momento certo e este pode ter passado sem ao menos nos darmos conta…

Finalmente a grande expectativa para 2016 foi concretizada. A previsão de permanência com o aparelho na perna, a “gaiola”, era de 1 à 1 ano e 6 meses mas, segundo os médicos, devido à minha força de vontade, dedicação e fé minha recuperação estava surpreendendo à todos e finalmente eu poderia me “livrar” dela apenas com 9 meses de uso. Dia 13 de Setembro e lá estava eu, pronta para mais um cirurgia feita com grande sucesso!!!

E sabe o mais gostoso de tudo além de saber que meu osso estava pronta para ser “usado” novamente?! Rs…Poder vestir uma calça de novo e sem nada para resgá-la ou me arranhar todos os dias…uma maravilha posso dizer!!!!

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Como digo, nem tudo são ou foram flores…veio então uma decepção, uma mágoa, uma tristeza, um momento em que meu mundo e 18 anos de dedicação vieram chão à baixo e sem outra opção tive que me despedir de onde cresci e me apaixonei dia após dia pela ginástica. Estava na hora de encerrar mais uma etapa a qual me fez amadurecer, evoluir, aprender e enxergar o mundo com outros olhos, estava na hora de encarar as dificuldades do mundo e as injustiças. A frase que me guiou à diante foi: “Quando uma porta se fecha, uma janela se abre.” E segui em frente e posso dizer, sem vergonha alguma que com medo de olhar para trás pois o amor que ficou ali é grande demais…

Mas apesar de tudo, o mais importante é que foi um ano de muito fortalecimento, de compreensão, de decisão e desapego. Aprendi a olhar para frente, a dar o meu melhor mas não tudo de mim. Aprendi a fazer por mim sem esperar muito dos outros porque é ai que a gente se decepciona e se frustra. Independente dos momentos ruins me mantive firme e forte, decidida a me recuperar e a não desistir, correr atrás dos meus sonhos independente de qualquer obstáculo, qualquer dificuldade, qualquer tropeço ou tombo e com muita alegria no coração buscando sempre me divertir os resultados foram ótimos, surpreendentes…

Com toda fé do mundo tenho certeza que Deus me deu as melhores pessoas, trouxe de volta algumas, manteve outras e mesmo afastando algumas, todas foram cruciais e ainda são para minha vida, somando conhecimentos, sentimentos e afetos…Principalmente quando se tem a melhor família do universo que se mantém tão forte e tão perfeita mesma com suas imperfeições. Que são a base do meu ser e me dão sustentação para não parar nunca!!!

E quando a gente menos espera, novas oportunidades, novas bênçãos, novas JANELAS se abrem e não há presente maior que encerra o ano com tantas alegrias, reconhecimento, amor, gratidão e sabedoria para um novo ano que se inicia com grandes oportunidades para se trilhar um novo caminho…

O Acidente – Part. 56

Era pra ser mais um dia dentro das normalidades, digamos que até um pouco mais empolgante…mas não foi bem assim. 

Acordei animada afinal depois de quase 3 anos do acidente hoje dei início para “tirar” minha habilitação especial. Sim, devido às sequelas do acidente, no meu pé principalmente, não posso mais dirigir moto (e nem quero, muito obrigada) como também não posso dirigir um carro com os pedais comuns e na semana retrasada fui liberada pelos médicos a dar início ao procedimento para dirigir novamente…yesssss!!!!! Foi uma alegria e tanto apesar do receio e do trauma de trânsito que ainda tenho, mas sei que vou superar.

Enfim, acordei cedo e meu pai e eu fomos ao Detran. Lá entreguei os documentos, tirei a foto, registrei minhas digitais, tudo acontecendo perfeitamente bem. Agendaram a perícia médica para dali 1 hora e fomos até lá. Atravessamos a cidade e chegamos ao consultório. Bem tensa por saber que com relação à documentação talvez a que levei não seria suficiente e até mesmo por ser reprovada entrei sem meu pai, ele resolveu ficar do lado de fora pois tinham pessoas rodeando os carros.

Logo na recepção já vi o médico, um senhor meio desleixado, barba mal feita, bem fora do usual , enfim a mania horrorosa de julgarmos pela aparência 😔,  ignorei. Uma mulher entrou para ser consultada e eu seria a próxima, por volta de 15 minutos depois ela sai da sala gesticulando e se expressando de forma indignada dizendo “vou procurar outro médico este velho tem que se aposentar, nenhum documento serve, não sei o que mais ele quer…” a moça da recepção pediu para que a senhora se retirasse e eu achei tudo bem estranho. Diante disso resolvi ligar o gravador do celular para entrar com ele na consulta por precaução…ainda bem!!!

Lá dentro depois de olhar meus documentos e não falar nada ele examinou meu pé. Voltou à mesa e continuou à olhar os papéis mas nada falava, disse então à ele que tinha mais documentos e mostrando por volta de mais ou menos umas 100 folhas de relatórios médicos, nenhum serviu. Até aí tudo bem, já tinham me avisado que não seria fácil mas foi então que ele partiu para uma situação totalmente desconfortável e incômoda para mim. 

Ao dizer que deveria ir ao médico pedir outros laudos e eu explicar que no hospital HCRP não era tão simples assim ele disse: “mas você é bonitinha, se chegar lá e for um homem ele vai se derreter e com certeza vai te dar o laudo, ele até deve chamar você para sair…”, não estava acreditando que estava ouvindo isso, acho que no momento cheguei até rir ironicamente dando continuidade e questionando o que deveria fazer então e ele insistiu…”impossível que com 9 cirurgias você não tenha nenhum contato lá..”, disse à ele que não é assim, que não tinha nenhum contato e ele soltou também “você deve ter conhecido algum resistente lá..” inacreditável, eu estava tentando filtrar esses absurdos e focar no objetivo de resolver a situação mas aí ja comecei a suar frio e ficar nervosa e ele tentando me explicar o que precisva ter no relatório. Então disse à ele que havia entendido e iria providenciar os papéis, me levantei e quando ele se aproximou de mim para abrir a porta juro que estremeci de medo com receio que ele encostasse em mim, graças à Deus não encostou. Saí rapidamente e ele me acompanhou até a recepção reforçando que no seu consultório já haviam passado 4 pessoas que queriam o direito à carta especial mas só eu realmente precisava então que eu deveria correr atrás e soltou mais uma…”se eu liberar você sem oa documentos certos e algum fiscal vier aqui eles vão achar que porque você é bonitinha, eu me engracei com você, nós tivemos um caso e eu te dei a liberação…” isso me deu náusea!!!!! Peguei meu troco, pois havia pago a consulta, agradeci e saí. 

Meu pai escutou toda essa última parte e ao contar pra ele “debaixo de choro” o que o médico havia dito dentro da sala meu pai ficou irritado. Eu não conseguia e ainda não consigo acreditar que fui obrigada à ouvir tudo isso. Uma que nem me acho bonita assim e outra nunca na vida, nem que fosse a pessoa mais linda do mundo eu usaria isso para conseguir algo, quem ele pensou que eu fosse?! Aquelas palavras me feriram de tal forma, eu não fui criada e educada para ouvir isso. Não passei pelo que passei e lutei por minhas coisas como lutei para escutar isso de uma pessoa que poderia ser meu avó. 

Não sei como irei proceder diante à isso, tenho o áudio de quase 15 minutos comprovando cada fala dele que para mim é um assédio e não posso deixar isso pra lá, fico pensando quantas vezes, com quantas pessoas ele já não deve ter feito isso?! É revoltante. Meu dia ficou péssimo não consigo parar de pensar no que vou fazer, se vou conseguir tirar a carta pois terei que voltar neste médico…sinceramente não sei. Amanhã vou procurar a auto escola e o Detran para pedir orientação para que outras pessoas não passem por isso. 

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